O juiz Gustavo Pontes Mazzochi, da 3ª Vara Federal Criminal,
aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Diguinho e
Emerson. A partir de agora, os dois viraram réus e passam a responder pela ação
criminal. Acusados de contrabando e lavagem de dinheiro na importação ilícita
de um carro de luxo usado dos Estados Unidos, os jogadores de Fluminense e
Corinthians, no entanto, poderão viajar para defender seus clubes na
Libertadores, desde que sempre informem à Justiça sobre o local e as datas de
ida e volta.
Entenda o caso
- Em princípio não precisou de nenhuma medida cautelar. Eles
vão ter que informar as viagens, onde vão, quando voltam... Se eles
colaborarem, não haverá nenhum problema - explicou o juiz.
Ainda segundo o magistrado, Diguinho e Emerson serão citados
para responder à acusação por escrito e terão um prazo de dez dias para fazer
isso. Eles vão poder arrolar testemunhas para se defender. A partir daí, o juiz
vai apreciar a resposta deles, e a possibilidade de absolvição logo após este
primeiro passo existe. Caso contrário, as testemunhas de acusação e defesa
serão ouvidas para depois os próprios jogadores darem seus depoimentos.
Gustavo Mazzochi acredita que se tudo correr dentro do
esperado, o caso deve ser resolvido em dois meses.
Advogado de Emerson, Ricardo Cerqueira confia que o caso
seja resolvido logo após a apresentação da defesa prévia. Segundo ele, Emerson
é inocente e foi vítima de uma fraude da concessionária onde comprou a BMW X-6.
- Vamos apresentar uma defesa preliminar, e ele (o juiz)
poderá absolver sumariamente. Espero que ele acolha os argumentos defensivos no
sentido de absolvição. Temos consciência da inocência do Emerson. Ele é um
consumidor. Quem tem de ver a procedência do veículo é a concessionária. Ele
foi vítima de uma fraude - disse.
O advogado do corintiano disse ainda que tem conversado com
o jogador sobre o assunto:
- Ele está sereno, aguardando tudo isso e confiando na
Justiça. Mas claro que aborrece - afirmou.
Já Itamar Gomes de Jesus, advogado de Diguinho, disse que
ainda não havia sido informado sobre a decisão do juiz, mas também mostrou
confiança na absolvição do volante.
- Ainda não fui informado da aceitação da denúncia, mas acho
que não haverá problema algum, já que este mesmo juiz liberou o carro do
Diguinho num primeiro momento.
Se condenados, Diguinho e Emerson podem pegar de quatro a 12
anos de prisão. Em depoimento para a polícia, os dois acabaram caindo em contradição. Enquanto
Emerson disse ter conversado apenas por mensagem de celular
com o amigo sobre a compra, Diguinho confirmou que eles se encontraram para
falar do assunto depois que as investigações foram divulgadas.
Denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por
contrabando e lavagem de dinheiro na aquisição de um carro usado da marca BMW
X-6, importado ilicitamente dos Estados Unidos, Emerson e Diguinho são acusados
de agir de má-fé. Ou seja, "tinham ciência do esquema criminoso", de
acordo com a denúncia (clique aqui e leia o documento na íntegra)
Segundo o texto da denúncia, o objetivo é “apurar a
participação de determinados indivíduos em organização criminosa ligada à máfia
dos caça-níqueis no Rio de Janeiro”. A investigação começou no ano passado, com
a Operação Black Ops, iniciada com a tentativa de homicídio contra o contraventor
Rogério de Andrade pelo israelense Yoram El Al, que atuaria no Rio em parceria
com Haylton Carlos Gomes Escafura. No desmembramento, descobriu-se que a
concessionária Euro Imported Cars Veículos era peça-chave no esquema de lavagem
de capitais e na ocultação dos crimes praticados pela quadrilha. É aí que
entram Emerson, Diguinho e as BMW X6.
- Estes indivíduos foram os intermediários para a introdução
clandestina no Brasil do veículo importado pela Euro Imported Cars e adquirido
pelo jogador de futebol Emerson “Sheik”, cujo nome completo é Márcio Passos de
Albuquerque (...) As negociações, de acordo com os áudios interceptados, eram
flagrantemente criminosas, com falsidades escancaradas - diz trecho da
denúncia.
No Brasil, a BMW zero é avaliada em cerca de R$ 300 mil, mas
em outubro de 2010 Emerson comprou o carro por R$ 200 mil. Quase dois meses
depois, ele devolveu para a mesma agência (Rio Bello) e recebeu R$ 160 mil.
Nesse mesmo dia, Diguinho comprou o veículo por R$ 200 mil. Porém, em janeiro de
2011, o volante do Fluminense retornou ao local com o carro. Horas depois, ele
compraria o importado mais uma vez. As notas fiscais da movimentação foram
entregues à Justiça pelo Ministério Público Federal.
Além do contrabando, Diguinho e Emerson são denunciados por
lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Emerson emplacou o veículo em nome de
terceiros para “ocultar a ilicitude da importação”. Além disso, os dois
devolveram o carro por duas vezes à Euro Imported Cars para afastar a
propriedade de origem ilícita da importação feita por Emerson. Tal conduta
evidenciaria a lavagem de dinheiro:
- Os acusados criaram uma cadeia de compra e venda do mesmo
veículo artificialmente, de maneira a distanciar o real comprador e
destinatário do veículo da importação ilegal. As notas fiscais foram fraudadas,
adulteradas, com datas fictícias e dissonantes das datas da efetiva compra,
tudo para encobrir as fraudes.
Do Globo Espote
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