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24 de janeiro de 2012

Traficantes usam imagem de jogadores de futebol para fazer "marketing" do crack no Rio

Custódio Coimbra/Agência O Globo

Na tentativa de maximizar os lucros ou supostamente associar à droga uma imagem de "qualidade", os traficantes da principal facção criminosa do Rio de Janeiro passaram a adotar uma estratégia de marketing para impulsionar o comércio de crack e outros entorpecentes nas favelas da capital fluminense: embalagens que estampam rostos de ícones midiáticos, em especial jogadores de futebol. Reportagem do UOL mostrou ontem que antes visto como "coisa de paulista", o crack garante atualmente lucro para traficantes no Rio.

A imagem do "Imperador", que passou pelo Flamengo e que atualmente integra o elenco do Corinthians, é uma das mais utilizadas pelos traficantes do Comando Vermelho (CV) desde que a facção introduziu a ideia no cenário mercadológico do crime organizado. A mesma estratégia já foi adotada por traficantes das comunidades da Cidade Alta e do Jacarezinho, ambas na zona norte, e de várias outras favelas.A escolha dos "garotos-propaganda" do narcotráfico é feita de acordo com os valores unitários dos entorpecentes. Na favela de Manguinhos, por exemplo, onde fica uma das principais cracolândias da zona norte da cidade, o crack mais barato –que sai a R$ 5 nas bocas de fumo próximas aos acessos à comunidade–, ainda é personalizado com a imagem do atacante Adriano.

De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), Analice Gigliotti, os narcotraficantes realmente acreditam que a associação da droga com pessoas famosas é capaz de aumentar os lucros. No entanto, o sucesso crescente do crack estaria ligado principalmente aos preços mais baixos, e não necessariamente a uma ação de marketing.

"Todos, inclusive os traficantes, sabem que o rosto de um famoso é capaz de aumentar a venda do produto. Seja maionese, calcinha ou supermercado, é claro que essa associação pode trazer bons resultados. Isso não significa, claro, que essas celebridades estão endossando o uso do crack ou de qualquer outra droga. O que aumenta mesmo o consumo é o preço do crack", afirma Gigliotti, que também é chefe do setor de dependência química da Santa Casa de Misericórdia do Rio.

Segundo informações do 16º BPM (Olaria), os criminosos utilizavam uma técnica simples de impressão para reproduzir a imagem do jogador, que aparecia em uma foto de péssima qualidade vestindo a camisa da Internazionale de Milão, clube pelo qual se destacou no futebol italiano.

No mesmo período, nas favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, as embalagens de pedras vendidas a R$ 10 exibiam a imagem do ex-jogador Ronaldo, que hoje é membro do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Se no mercado publicitário os ícones midiáticos são constantemente substituídos, a mesma lógica foi incorporada pelo tráfico de drogas.
Quando o atacante Adriano deixou o Flamengo, em 2010, já em fase de declínio na carreira, e Ronaldo anunciou sua aposentadoria, no ano seguinte, os criminosos começaram a buscar outros personagens.

O volante Willians, destaque do Flamengo na conquista do Brasileirão de 2009, foi o escolhido por traficantes do Arará, no complexo de Manguinhos, para ser o garoto-propaganda da embalagem de crack mais cara, a de R$ 25. Em uma operação realizada pela PM em agosto do ano passado, foram apreendidas cerca de 5.000 pedras de crack com a imagem do jogador.

Já em 2011, a bola da vez no mercado publicitário do crime organizado foi o atacante Ronaldinho Gaúcho, também do Flamengo. Já foram apreendidas pela polícia embalagens de crack com a foto do "R10" em pelo menos três favelas da capital fluminense, principalmente no Jacarezinho –nas quais ele estampava a embalagem da pedra vendida a R$ 10.

Um agente do 22º BPM (Maré) afirmou ao UOL que durante uma incursão para reprimir o tráfico em Manguinhos, os policiais localizaram em um imóvel abandonado vários adesivos rosas com a inscrição "Ronaldinho Gaúcho, o melhor crack do mundo". O decalque estava em meio a um farto material utilizado para "endolar" o crack. Na comunidade, o entorpecente que exibe a imagem do atacante flamenguista é vendido a R$ 5.
Uol Noticias

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